A poucos dias da entrada em vigor do tarifaço dos Estados Unidos, as empresas brasileiras navegam num cenário de grande incerteza. Se a medida começar a valer na próxima sexta-feira, 1º de agosto, como está previsto, as companhias nacionais vão ficar dependentes da força de pressão das importadoras norte-americanas e, eventualmente, do sucesso delas na Justiça local para conseguir escapar da tarifa de 50%.
A esperança é depositada nos importadores norte-americano, porque as tarifas vão encarecer os produtos que são comprados do Brasil, o que, na ponta, também pode respingar em alta de preço para o consumidor local – no caso de alguns produtos, uma troca de comprador nem sempre é trivial e ocorre com rapidez.
“Tem uma contraparte do outro lado, seja um grande importador de um bem final, como suco de laranja, seja um grande importador de insumo, que vai ficar buzinando na cabeça do presidente norte-americano, porque é ruim pra eles”, afirma Livio.
Hoje, o cenário é de grande incerteza, porque não há um ato executivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmando a tarifa e quais setores devem ser afetados.
“Saindo a ordem executiva, provavelmente, importadores americanos vão entrar na Justiça. Mas vai ser preciso conseguir uma liminar ou o processo vai fica correndo e pode demorar muito tempo”, afirma Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil.
“O que a gente sabe é que alguns setores estão tentando pressionar os importadores dos Estados Unidos, principalmente aqueles setores que têm uma importância muito grande, como é o caso de café, suco de laranja, para que tentem uma exceção para esses produtos, porque não tem oferta americana suficiente”, acrescenta Barral.
Na quarta-feira, 23, por exemplo, as importadoras de suco de laranja Johanna Foods e Johanna Beverage Company entraram com um pedido de alívio emergencial no Tribunal de Comércio Internacional (CIT, na sigla em inglês) dos Estados Unidos contra a tarifa de 50% ao Brasil.