Opinião: Novela do PDT se equilibra via Félix Jr. para manter com um pé na prefeitura e outra ponta do pé no governo

Política

Praticamente na mesma semana em que ganhou uma secretaria para chamar de sua na prefeitura de Salvador, o PDT voltou aos holofotes pela pressão dos prefeitos do interior para aderir ao governo de Jerônimo Rodrigues. Tal qual o Progressistas, o PDT parece adotar a perspectiva de um pé lá e outro cá, tanto quanto os partidos do centrão no Congresso Nacional.

 

Para uma legenda que na origem brizolista era ligada à esquerda, o movimento no sentido de aliança com o União Brasil, inicialmente em Salvador, foi atípico. Porém parecia um caminho sem retorno, dada a equidistância entre os polos políticos na Bahia. No entanto, como o controle pedetista está há tempos sob a custódia de Félix Mendonça Jr., cujo pai era ligado ao carlismo, ninguém chegou a se surpreender. Agora, Félix Jr. tem se equilibrar entre o passado, o presente e o futuro, para evitar que o partido rache.

 

Dois ex-prefeitos, Silva Neto e Luciano Pinheiro, são aqueles que mais defendem a aproximação com Jerônimo. Ambos têm perspectivas eleitorais em 2026, ao tempo em que sinalizam que a proximidade com o governo facilita a vida de quem está na gestão dos municípios – e os dois têm aliados como prefeitos. Como Félix Jr. ficou descontente com a condução que ACM Neto adotou em 2024, especialmente em Lauro de Freitas, ele tem esticado a corda ao limite, numa espécie de cabo de guerra entre os grupos políticos.

 

Todavia, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), manteve os compromissos da disputa do ano passado, deixando Ana Paula Matos no PDT e na vice-prefeitura e criando a Secretaria do Mar. E ter aceitado que a irmã de Félix Jr., Andrea Mendonça, mostra que está disposto a fazer concessões até maiores que o governo para continuar com o PDT ao lado de ACM Neto. Somado à pressão que Léo Prates deve fazer nacionalmente, o possível rompimento é mais complexo do que pode parecer. Como a própria família de Félix Jr. é beneficiária disso, a complexidade fica ainda maior.

 

Esse processo deve se arrastar pelo menos até a janela partidária de 2026, quando se encerrará o prazo de filiações e aí veremos quem vai conduzir a formação das chapas proporcionais. Se Bruno Reis o fizer, dificilmente haverá a mudança de lado. Se os prefeitos pró-governo conseguirem se sobrepor, o partido será incorporado à reeleição de Jerônimo. Enquanto isso, o dono nacional, Carlos Lupi, assiste a uma certa distância o problema. Para ele, o que importa é manter a robustez das bancadas para evitar que o PDT seja impactado pela cláusula de barreira.

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